A Origem das Digitais Pretas

A Empresária Néllys Corrêa acolhe e auxilia mulheres negras a impulsionarem e fortalecerem seus negócios pelo Brasil a fora.

Segundo dados do Global Entrepreneurship Monitor 2020 (GEM), o Brasil conta com mais de 52 milhões de empresários autônomos e dentro esse número grande, 30 milhões são mulheres empreendedoras em busca de sua liberdade financeira, ainda dentro deste público, 61% corresponde a mulheres negras, ou seja, o público maioria  desses autônomos não é visto com a importância e cuidado que deveria ter. Vendo este cenário impactante, a empresária, empreendedora e escritora, Nellys Corrêa,  viu  uma grande falha no sistema: A necessidade que muitas mulheres que assim como ela, precisavam de ajuda para impulsionar de verdade seus próprios negócios, já não tiveram a base de conhecimento que deveriam.

Gaúcha de Cachoeira do sul (RS), Néllys Corrêa foi uma das muitas profissionais que por necessidade, precisou reinventar e criar soluções rápidas para gerar renda de maneira autônoma, mesmo que ela já efetuasse algo do gênero desde seus 19 anos. Ela já havia possuído um salão de beleza, trabalhou como vendedora, professora de danças, e em eventos, até que enfim com muito esforço, abriu na cidade de Gramado, junto com seu marido, negócio próprio, mesmo tendo ainda mais o peso de ser a única preta empresária gramadense.

A empresa crescia de vento em poupa, com muito sucesso e uma grande carteira de clientes na loja física além da estréia nas vendas pelo Facebook, porém o tempo de prosperidade foi seguido de um encontro pessoal muito forte que Nellys nunca havia vivenciado, após dezenas de fatos trágicos pela sociedade seguindo a época do covid 19, o assassinato de George Floid e o  início do movimento Black Lives Matter, Néllys obteve uma consciência racial após 40 anos sem enxergar como aquilo tudo impactava diariamente sua vida e isso se fez essencial para que ela tivesse motivação para encontrar outras mulheres em situação semelhante a sua, por isso ela decidiu ajudar e impactar de forma positiva a vida de mulheres pretas tanto no Sul quanto pelo nosso país. Assim surgiu a ideia de criar uma plataforma que pudesse empoderar diversas mulheres pelo Brasil com vários tipos de vida, e foi em 10 de dezembro de 2020 que essa mera ideia saiu do papel e as Digitais Pretas nasceu, com a missão de impulsionar visibilidade, compartilhar conhecimento, criar conexões e mostrar representatividade.

O projeto iniciou com uma série de lives no Instagram, que convidavam profissionais de diversas áreas para abordar sobre seu próprio negócio, família e sua própria potência como pessoa, o racismo não fazia parte das pautas de conversa, mas era impossível não chegar nele em todos os tópicos, por isso Néllys começou a analisar o cenário que havia se inserido: “Eu comecei a visualizar que essas mulheres tinham um conhecimento, trabalhos e histórias lindas, mas não tinham números. É aquela questão do algoritmo racista que não deixa a nossa voz de chegar a muitos lugares, então passou alguns meses e eu convidei algumas delas para criarmos um gruo, e fazer com que meus seguidores enxergassem elas e elas me enxergassem”.

O projeto Digitais Pretas não se prendeu apenas na internet mas garantiu um futuro grandioso e popular, por isso no final de 2021, o primeiro encontro presencial de muitos que as  digitais realizariam ocorreu realizado em Porto Alegre e junto a este primeiro passo e ao grande crescimento e a necessidade de expandir os temas para pessoas de fora, deu se origem a incríveis projetos como “Workshop Pretas no Poder”,